quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Quando o nó desfaz ...



Um dia, tempos atrás eu disse te disse:
-Tu, com tuas maneiras fugidias mas de peculiar encantamento, ainda vai ficar literalmente de quatro pés por alguém.
O tempo passou, jogamos poker, beijamos, viajamos, rimos, gostamos.
Houve um tropeço na minha caminhada, e tu esteve de perto acompanhando tudo.
Nos ligamos, choramos, beijamos, passamos a nos entender, suavemente melhor.
Mais curvas, mais deslizes.
E o tempo passou.
Falamos, conversamos, rimos, passeamos, beijamos, mateamos, apaixonados possivelmente já estavamos.
Aos que nos cercam o veredicto era unanime: deveríamos ficar juntos, não por obrigação, praticidade, comodidade, mas porque sim, viajamos, beijamos, nos conhecemos. E conhecemos temakerias e o Goen.
Na última curva, houve falhas, afastamos.
Tempo passou, uma pessoa falou: volte a falar com ela, vá atrás dela, tu gosta dela.
E assim o fiz.
O tempo passou.
Beijamos, sorrimos, brincamos, passeamos, decidimos.
Em suma, como a vida é nonsense e como tivemos nossa fase inocente.
Tantas as palavras que escrevi com sufixo amo, que por fim, concluo:
Amo.
Obrigado. E tenho saudades. Tenhamos nosso amor sui generis. Porque as estatísticas demonstram que sim. Acontece.
Penso que não se faz necessário um grande texto sobre nosso assunto, embora facilmente ele seria redigido, visto que muita água, muita mesmo, passou por debaixo da ponte em que hoje sentamos a avaliar, desejar e buscar um futuro que nos seja aprazível, gostoso e merecido.



Resposta para Carla e Tatiana - Cap. 1

Em tempos em que bundas são mais valorizadas do que cérebros, por muitas vezes homens vilipendiam os reais aspectos a serem analisados, respeitados sobretudo e claro, amados, nas mulheres.

Quisera que o maior dos desentendimentos entre casais fosse em função de uma lingerie pendurada no registro do chuveiro, entretanto, ou em casos mais graves, que a cerveja seja deixada ao lado de fora da geladeira para dar espaço a iogurtes, frutas ou cremes, tanto faz, o grande porém é que por muitas vezes as discussões são por motivos mais torpes do que estes.

É sabido que mulheres ficam contentes quando o homem abre a porta do  carro, acham lindo quando recebem buquês de flores no trabalho ou em casa, entram em extase uma vez que sejam presenteadas com um bom jantar regado a vinho de qualidade e harmonizado com um pedido ou uma jóia ao final do jantar, espontaneamente, claro.
Sim, é sabido que tudo isso é muito lindo. Se sabe que o esteio de qualquer casa em 99% dos casos, é a mulher? Ah se sabe. A intenção é que essas poucas linhas redigidas não tenham nenhum cunho machista/feminista ou qualquer outra classificação que o desabone, visto que sim, a realidade é objetiva. E machismo é decrépito.

Dia desses li um texto que dizia, que o homem deve tomar atitudes que conquistem, através de atitudes, sem lançar nada na fatura do cartão. Aliás, de onde surgiu esse estigma de que mulher gosta de dinheiro? Os homens lançaram a moda ou foram elas? Há que se deliberar sobre isso. Novamente digo, não me basta dinheiro, não é o foco, preciso de cérebro.
Falta cobrar, é cultural já ouvi dizer, que o homem de hoje não se preocupa com tais tipos de gentileza porque não foi acostumado com as mesmas. Ensinem gurias. Ensinem e retribuam. 
Sem desmerecer a categoria vos digo, homem tem alguma coisa que remete a adestramento de animais e de todas as técnicas possíveis a que mais dá resultado é tarefa=recompensa.

Em qual bolso deixaram a singeleza dos atos? Quanto custa um bouquet de rosas? Independentemente do valor, seguramente uma azaléia roubada de um jardim na rua tem mais peso. A leve e romântica transgressão gera contentamento e libera enzimas que fazem bem ao organismo. Cogitem adotar essa postura.

Se algo foi desenvolvido erroneamente séculos atrás, não será essa geração que colherá os frutos bons, mas quem sabe, será a mesma que passará a doutrinar os mais jovens para que seus netos/netas colham desses frutos, mas é preciso começar, e não sentar a sombra do individualismo e propagar queixas. Sejam mulheres, e nos mostrem como seria bacana se nós homens soubéssemos como agir com vocês. Mas sejam mulheres do bem.

As coisas são simples. Recentemente senti falta de um ombro. Mas a falta passou, porque a vida seguiu, o que será viver sentindo falta de um carinho, um beijo, uma gentileza qualquer, atos singelos que geram uma explosão de sentimentos a quem recebe. Imagina que fantástico chegar em casa e ao ir para o banho encontrar a toalha a pantufa já posicionadas. Retribuirei fazendo a janta. Mulheres gostam quando passamos glacê nelas (é figurativo), mas quantas foram ao Correio comprar uma cartela de selos para eventualmente mandar uma carta ao homem que ama? Não se trata de complexidade, alguém deve desenvolver hábitos que nutram o amor e sugiram o romantismo. Vale para ambos os sexos e na volta do Correio, subtraia uma flor de um jardim qualquer e presenteie. Surpreenda a si mesmo.

O mote principal desse texto era externar que sim, as mulheres devem e merecem ser tratadas como uma criatura digna de todo cuidado e atenção, mas em tempos atuais, demanda-se retribuição. E o que muitos homens não percebem é que muita retribuição é intrínseca, pelo obvio motivo de que são mulheres! Elas naturalmente são perfeitas. Na mais estrambótica situação, são pedras não lapidadas, o que pode sugerir que um homem disposto a aprender a lapidar possa ter êxito, e aproveita já se lapida também. se Me pus a pensar agora, é um assunto muito vasto, passível de se escrever um livro tratando desses aspectos, muitos já o fizeram, mas em suma: homens desconectados e mulheres cansadas versus homens amorosos e mulheres despreocupadas. Há rumores de que a história de alma gêmeas procede, porque é elementar dos bilhões de pessoas no mundo nem todas se adequam as nossas vontades e/ou vice-versa. No resumo da ópera, uma das primeiras coisas a fazer é dar prosseguimento a esse assunto. 
E vale muito essa ressalva, esse texto é um prelúdio dos textos vindouros, mais reais, isso é porque eu precisava criar um "fio da meada", para que as coisas se organizem dentro do meu cérebro também.
Mas é mais ou menos por aí...até breve.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Milonga Abaixo de Mau Tempo - Interpretada

Comum falarmos sobre chegar aos trinta, quarenta, cinquenta e etc. Sei que nos últimos dias eu tenho parado a pensar acerca das raízes, caramba se faz trinta e o que se fez? Bom a todos que fazem, inércia não resolve muita coisa no final das contas. Inércia em diversos sentidos. Mas bom que nós fizemos. Aí nessas de fazer algumas retrospectivas me animei ao lembrar trechos remotos do que vivemos por lá. Foi uma experiência louquíssima mas valeu a pena. Hehehe.
Aí na sequencia eu interpretei a música mais fantástica do cenário tradicionalista gaúcho a meu ver.
C F
Coisa esquisita a gadaria toda – Sim, porque quem convive com gado saca quando alguma coisa não vai bem, para begginers digamos que quando se passa na estrada com temporal se armando e estão todos de bunda pro mesmo lado e/ou perto de uma árvore (as reses) eles estão acabrunhados.
F#º C
Penando a dor do mango com o focinho n'água
Me parece que o camarada está dando umas relhadas no povo todo (o gado) pra que atravessem alguma sanga ou arroio muito foda, com correnteza e tal. E se sabe que o bicho está sofrendo, seja por orgulho ou limite de forças, mas sofre, quando se convive com marcação e afins se vê, sofre. É a lida, não há o que se fazer.
F
O campo alagado nos obriga à reza
Quem já atravessou um banhado com boi na corda ou com meia dúzia de bois atucanadíssimos com o atoleiro sabe que é um saco, o cavalo se desgasta, os bois se desgastam, é muito sofrimento arriscando matar algum animal, justíssimo antes de se enfiar numa resteva de arroz inundada pedir apoio.
G7 C
No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas
Tu imagina ser tropeiro há anos atrás e ainda ter o brilhantismo para escrever uma música como essa. Muito ninja, fantástico, confesso que não busquei saber se o compositor era de fato, mas não importa, a sensibilidade de compreender já lhe basta.
F
Olhar triste do gado atravessando o rio
Lógico que é triste, tá todo mundo cansado, já perderam companheiros provavelmente, quem já carneou boi pendurado em cinamomo beirando cerca de potreiro sabe que eles (os bovinos) ficam sim magoados e choram o sangue derramado. Sem muita dolor porque há casos que um bom exemplo é merecido, o tal pendurado no cinamomo era um gigante nelore pulador de cerca e destruidor de lavouras.
F#º C
A baba dos cansados afogando a volta
Vi dois casos de babas de fazer fio e gosmelar o laço por extremismos, ou de animal alçado que não aceita corda ou de mães.
F
A manha de quem berra no capão do mato
Essa frase tem que ler umas três vezes, mas no resumo tem umas reses que vão se desgarrando ou nem chegaram a se juntar que ficam reclamando nos capões, tipo uns aglomerados de arvores pequenos, mas que próximos formam um matão.
G7 C G/B
E o brabo de quem cerca repontando a tropa
Cara, que nem quando um amigo chega pra ti e fala: “dae vamos tomar uma cerveja, jogar um poker? E tu responde “bah, o brabo é que amanhã tenho que acordar cedo e tal”. Cara, imagina o cara cansado, com o amigo dele (o cavalo e os humanos) podres de cansado, deixando vaca atolada pra trás, bah. É brabo.
Am Em
(Agarra amigo o laço enquanto o boi tá vivo
Quem já viu taipa estourando e sanga cheia sabe que ou agarra amigo o laço ou já era, se perde no meio dos taquaruçu ou ponta-de-lanças. Correnteza não tem jeito.
F
A enchente anda danada molestando o pasto
Ainda bem que não presenciei de perto um enchente a ponto de molestar tanto pasto quanto lá havia, mas seca sim, molesta o mesmo tanto, e o capim fica amarelo e os açudes viram uma gosma esverdeada e embarrada e o viço do pelo dos bichos vai embora. O gaúcho da música sabe demais das coisas.
F#º G7
A passo que descampa a pampa dos mil réis
Realmente não entendi o pleno sentido, mas acho eu que descampa enquanto a pampa dos mil réis ou seja ainda falta uma caralhaaada de distância pra tipo gastar mais de mil reais de gasolina se fosse de Massey Ferguson das antigas, com reboque.
Am Em
E a bóia que se come retrucando o tempo
Outra frase que me parece confusa, mas entendi que enquanto se faz um rango não sei se embaixo de um eucalipto ou figueira com o gado repontado ao redor, pensei num carreteiro rápido e ruim. Ou mesmo andando e repartindo um queijo e uma linguiça faca desses de armazém de encruzilhada nas estradas meio fazendas meio municipais.
F
Aparta no rodeio a solidão local
O lance é que aparta, separa do rodeio (rodeio de reponte no meu tempo era passar dias envolvido com tropeada ou manejo) ou seja, eu entendi que aproxima a galera, fazer essa boquinha andando a passito ou melhor ainda, ao refúgio duma bela copa de figueira. Entretanto realmente não garanto certeza na interpretação.
F#º G7
Pealando mal e mal o que a razão quiser
Contemporizando pealando, tipo chutar um toco? Imagina te amarrar uma perna e mandar correr? Um pealo, um clássico. Ou seja, muito a contra-gosto (correndo com a perna amarrada) tu ainda dá conta de que precisa chegar...
C Em7
Amada me deu saudade
E quem nunca sentiu saudade da amada. E nem só a amada, mas do cheiro do rancho e das coisas como elas vinham sendo antes da partida essa para o tal reponte desse gado pé frio que nunca para de chover.
F
Me fala que a égua tá prenha que o porco tá gordo (2x)
Se eu tivesse uma égua queria que estivesse prenha, quem mora e vive anos com cavalos e os usa pras lides do campo preza a boa linhagem, até o gênio dos cavalos tem hereditariedade.
F#º G7
Que o baio anda solto que toda cuscada lá em casa comeu)
Evidentemente, que o baio está tranquilão (provavelmente é o pai), gordo, escovado, com os cascos cortados e cocheira limpa. O baio é tipo um cavalo bege, meu pai falava de um baio cabos negros, que dizia que tinha as patas pretas. Mas nem só o baio, os cachorros também comeram, a mistura de polenta com pés de galinha ou só a polenta ou carniça e estão fedidos, ou não, mas comeram.
Intro: C Em F G7
C F
Coisa mais sem sorte esta peste medonha
Claramente ele quer dizer, em termos atuais e não tão gauchescos: “mas tchê, não para de chover nunca nessa merda!”
F#º C
Curando os mais bichados deu febre no gado
Bicheira é uma coisa nojenta demais, e começa com uma larva sacana se espalha e se demorar a ver ou o bicho é alçado e não deixa chegar, vão esmilinguindo aos poucos. Mas o fato é que na frase me parece que não bastasse haver bichados, outros estavam febris, não devia ser aftosa senão seria um “gadocídio”, mas sei lá uma febre normal de quem passa muito tempo na chuva.
F
Não fosse a chuvarada se metendo a besta
Aí sim a reclamação escancarada no bom português, até essa mesmo pessoas próximas pronunciam mas se ficar difícil contextualizar seria algo como: “puta merda se não tivesse ipva esse mês (ipva no caso a chuva na frase) eu até que conseguiria comprar um takamine).
G7 C
Traria mil cabeças com a bênção do pago
Nesse ponto dá pra entender a revolta do cara e a mágoa ao mesmo tempo...são mil cabeças de gado, cara, eu nunca vi mais que umas 230 numa mangueira e dois potreiros pequenos. Imagina 1000. Quatro mil, se contar pelas patas. É muito gado pra perder um quarto pra uma enchente.
F
Dei falta da santinha limpando os pesuelos
Eu não sei o que são pesuelos, mas ele devia estar ajeitando alguma coisa, que nem nós motociclistas reparam nas motos em intervalos de viagem e dão falta de uma porquinha no cabo de freio traseiro. Mas é uma santa, não uma porca e tem muito mais valor sentimental do que prático nesse caso, deve ter ficado muito chateado e achando que era um mau presságio. Ah já li, pesuelos são alforges, mas ficou boa a curva na estória.
F#º C
E do terço de tento nas prece sinuelas
Além de chuva, vaca atolada e o povo todo cansado o camarada ainda perdeu metade dos pertences na viagem. Apesar de nunca ter sido apegado a imagens, imagino que para o bom gaúcho que viveu em épocas passadas nos tempos um tanto difíceis, um sincero apego religioso de qualquer espécie era uma ancora durante as intempéries da vida no campo.
F
Logo em seguidinha é semana santa
Sabe lá de qual querência ele vinha tropeando essas reses, mas se orientou por semanas ao que parece, é sofrimento e amor a vida como ela vinha sendo pra mais de metro. Orientando-se por semanas santas ou não, seguramente hás dias viajava muuuito afim de chegar em casa e soltar o matungo no pomar onde tem uma grama viçosa e dois umbus.
G7 C
Vou cego pra barranca e só depois vou vê-la
Se a barranca era a ultima taipa arrebentada pra galera atravessar ou sei lá o que, o fato é que a saudade do pago, da casa, do açoita-cavalo em frente a varanda e da fuça gelada da cachorrada que ficou estava por terminar. Afrouxar os arreios do camaradíssimo que te acompanhou na jornada impassível, enquanto se sente aquela sensação de que se chegou e tudo está bem é bom. Muito bom diga-se de passagem. E é por isso que num momento nostálgico belas canções se escrevem mientras outros não tão brilhantes a interpretam de maneira frugal.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Argumento

Minha resposta pra isso tudo.
Jardins de inverno não tem estação
Não tem predileção
Sequer seguem procedimentos
Só o são.
Jardins.

Nos parece lindo
Abrir a janela e o sol saúdar
E quando é chuva a molhar
O mesmo sorriso deveria arrancar

Uma vez que por bem estamos sem
Sentir saudades
Ou medo, frio, fome e sede
Temos alento
Teto, quente, um ao outro
De sobressalto, te abraço
Quando longe comunico
Vou chegar pra te ver
Me espera?
Sim. Extasio-me

Do que seria das estradas
Senão a placa e indica
Que o destino está próximo
Há de se sair da origem
Visando a chegada

Há de chegar onde se quer
Agradecendo a amada
Por ser tão ela
E aceitar o eu

E dizer: sou teu
Porque é o que de melhor quero fazer
Já que rodei todo esse asfalto
E montei a base aqui.
Pra ti.

Não que seja muito doente
Tampoco carente ou exigente.
Eu montei a base.
E não quero que acabe essa fase
Numa frase:
A placa indica que era aqui, assim, pra ti.

Gênesis...

A mesma euforia que me dá de saber

que é preciso viajar.
O mesmo contentamento de quando se

abre a agenda e percebe que amanhã é

feriado.
O brilho nos olhos como das vezes

que se tem uma boa mão no poquer.
Mas é muito mais ...evidente.
Contente, prudente e sem fim.
Sinto assim, quando estás do meu

lado.
Mesmo quando isso não acontece.
Me parece.
Que em instantes de água no fogo se

vai no jardim
Quando volta já ferveu e perdi o

chimarrão.
Não faz assim.
Se sente pateta como trocar o pneu

furado errado.
Passar a tarde numa fila sentado.
Chegar em casa e ver que o cano da

pia estourado.
É bem isso, quando vou dormir sem o

teu boa noite ter dado.
Então façamos o seguinte
Tu e eu.
Se houver cachorro, um tem que ser

Aristeu.
O outro é teu, nomeia como preferir.
E se eu cansar de fazer a horta me

faz um suco de manga.
Quando por acaso o Aristeu comer teu

sapato.
Te compro outro  encho de beijo, no

ato.
Mas me apóia com essa euforia
Dia a dia.
Em saber que sim, tu existe.
E parece combinado
Gosto assim.
Caminhando e cantando.
Planto também.
Embora já tenha nascido.
Gracias por ter me conhecido.
Eu que agradeço.
Sim, de novo.
Faço votos que não acabe o

contentamento.
De como numa terça-feira nublada se

encontre um bilhete premiado.
Em suma, obrigado.

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