quinta-feira, 1 de abril de 2010

O TEMPO PASSA (Lembram do Bamerindus???)

Estava eu aqui agorinha mesmo, separando alguns e-books pra levar pra ela, e achei esse texto aqui numa pasta, bom, ele é mais antiguinho, sei que tenho ele postado no antigo blog meu do Bruno e da Lu, mas aqui acho que não, até que é bacaninha, tem uma crônica do LFV onde ele discorre sobre pai, filho e avó, conversando sobre futebol, e também é uma batalha tremenda porque ninguem se acerta, cada um lembra de um "beque"(zagueiro) ou um "arqueiro" (goleiro) diferente.Vale a pena ler também, aliás qualquer crônica do LFV vale a pena...



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De fato, eu estou ficando velho, e pior: desatualizado.Dia desses meu irmão mais novo resolveu que queria passar uma noite na minha casa, sem problemas.Levou o videogame, ai começam as diferenças, embora tenhamos 10 anos somente de diferença, eu já estou começando a ficar pra trás.Sei que numa dessas, tem um tal jogo em que você é um cara e tem que matar pessoas e roubar carros...


Como me faltou habilidade, ele mesmo foi conduzindo o boneco, colocando armas fantásticas, roubando carros maravilhosos, aquela coisa toda, então eu comecei com minhas solicitações:

--Rouba um motorhome pra mim;

--Moto o quê?

--Motorhome, aquele ônibus que faz de casa;

--Ahn.Não tem, pode ser uma Kombi?

Putz, uma Kombi, eu peço um ônibus-casa e ele me vem com essa, materializei a cena:”Eu, tendo 2 motorhome como trincheira,dentro da própria trincheira, 2 carros potentes aguardando minha fuga, armado ate os dentes,(e quem sabe dentro dos carros potentes duas loiras de macacão de formula 1 ultra-justos), atirava contra opressores e tiranos monárquicos do baixo oriente, confesso que arrisquei até umas balas num passante que me pareceu aquele individuo dos olhos juntos que faz de distinto pais americano seu próprio Lego, mas o FBI surgiu do nada e ...”

--Uma Kombi não serve, tem que ser maior...

--E um ônibus de excursão, que tu acha?

--Com passageiros?

--Pode ate ser, mas eu vou ter que catar alguns.

--E demora? Perguntei, vã estupidez, como se eu não soubesse que tudo é motivo pra ELE ficar com o controle na mão.

--Ahnnnn demora bastante, primeiro eu tenho que pegar eles nos pontos, ai cobrar a passag....

--Deixa pra lá.

Desisti da idéia da trincheira.

--Escuta, e pra ficar invencível?

--Aí perde a graça.(isso eu já sabia, mas é que morria rápido demais)

--Tá.

Me parei a pensar...de certa feita, era meu pai que dava suas “bolas fora” com a atual desatualização.Foi assim: voltei empolgadissimo da casa de um primo, pois la eu tinha escutado um cd fantástico, recheado de musicas legais, eu precisava daquele cd, muito embora não me lembre se eu já tinha tocador de cd na época, mas tudo bem, tem tanta coisa que hoje acumulo dentro e fora de casa que nem sei pra que serve;prossigo:

--Pai

--Quié?

--Me da o cd do Ríti ?(era HIT Parade o nome completo do disquinho)

--Ahn, vou ver,é, pode ser,huum, eu também gosto de umas musicas do Ríti.

--Ah é é, tipo qual?-Não tava entendendo mais nada, meu pai?Hit Parade?

--Umas aí, não sei o nome...aquela "la la la, o mundo é pequeno demais pra nós dois"...

Fiz uma cara de cachorro que lambeu graxa, do tipo,"ué, achei que era só stuntí stuntí esse cd"...

Demorei pra entender, mas ele estava se referindo ao Ritchie, aos mais jovens: é um cara que parece mais com o Prince do que o próprio Prince.

Tu vê, como são as coisas, tudo tão efêmero...ontem eu dava curva no meu pai, hoje meu irmão me da uma volta completa com esses joguinhos eletrônicos de matar policiais e cidadãos direitos.

E eu rio.

E cada vez mais, me conformo com o delicioso provincianismo encubado dentro dos mais velhos, e que no meu caso, se recusa a dobrar-se diante da era virtual, da era do “é de mentira”, dos tempos em que nada do que se faça ao vivo pode parecer melhor que um lindo poema recitado em “depoimentos” na tal pagina do Orkut, poema esse provavelmente roubado de Byron, Neruda, Drummond ou outro ilustre qualquer que tenha sido publicado e aparece em “1,1 s” no google.

Por isso, obviamente, que prefiro eu mesmo escrever meus devaneis críticos em geral, claro que com influências de bons escritores, mas como já falei em outro artigo, se te coisa que eu detesto é quando alguém lê o artigo depois pergunta:

--Bah,foi tu quem escreveu?

Nossa, me da vontade de mandar p'raquele lugar!

No máximo dos máximos uma citação muuuito valorosa pego emprestada, de preferência do Gabriel, Leminsky, Jô ou LFV, nada além.

Oras, nem numa coisinha dessas virtuaizinhas se pode ser você mesmo.Francamente Ctrl+ C e Ctrl+V é coisa de mirim.Escrevam você seu posicionamento diante das coisas...

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